segunda-feira, 2 de agosto de 2010


Turvas linhas colorizadas brincam no ar enquanto me encho de ar
para não sofrer apnéia.
Dolorido pensamento sombrio me afaga, me aperta.

sábado, 17 de julho de 2010



E lá estava ela olhando pela janela entreaberta, tentando acreditar que seus sonhos não eram em vão.
A chuva caía enquanto seu pranto rolava pela face. A tristeza, a solidão, a descrença de que tudo poderia conspirar a seu favor.
As luzes pontilhavam um lugar distante da sua realidade, um espectro surreal, inatingível.
Mesmo desejando reverter o quadro de desilusões, sentia-se cada vez mais fraca.
A escuridão tomou conta do seu ser e cometeu o suicídio.

sexta-feira, 7 de maio de 2010



Nós continuamos enterrando nossos mortos
Nós continuamos plantando os ossos deles no chão
Mas eles não crescerão, o sol não ajuda
A chuva não ajuda
Se meu jardim tivesse uma cerca
Então os coelhos não poderiam entrar
E sentar na grama e comer todas as flores
E cagar
Oi, eu sou Icarus
Eu estou caindo
O homem, para o julgamento, tem que me preparar
Poupe, oh deus, em clemência
Me poupe
Cara, eu tenho um sentimento terrível
Que algo está muito errado com o mundo
É algo que nós fizemos
É algo que nós comemos
É algo que nós bebemos.



(Regina Spektor)

sábado, 10 de abril de 2010


Lembranças são anestesiantes perpicazes
Podem nos deixar num estado feliz
ou ser avassaladora e nos deprimir.
Assim é a saudade, quando bate machuca
por nos trazer a certeza que tempos como aqueles
não voltarão.
Assim só, vendo a rua vazia, passando um enigma
de onde todos foram, o que estão fazendo, pensando.
Se lembram de nós com a mesma intensidade que parte de nós.
Não tem como saber
lembrar e lembrar, saudades a doer.