quarta-feira, 20 de maio de 2009

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"Deus sabe, porque o escreveu.

terça-feira, 19 de maio de 2009


Homens que precisam de sexo pra se acalmar
Tem outros que querem comprar um arma pra tentar se suicidar
Tem pessoas que precisam de drogas
Tem outros que querem dizer o que não é
Tem mulher que precisa de dinheiro e tem homem que precisa ter duas mulheres
E eu estou equivocado com essa contradição
Melhor seria ter poupado a minha vida, você me leva pra baixo
E solta a minha mão.
(Santos e pecadores - Banda Maldita)

quinta-feira, 14 de maio de 2009




"A criança é por natureza um ser do encantamento, um ser que experimenta a leveza, e que não retém a dor."

















quarta-feira, 13 de maio de 2009

"...estou cansado de ser, vilimpendiado, incompreendido e descartado, quem diz que me entende nunca quis saber, aquele menino foi internado numa clínica, dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças, dos sonhos que se configuram tristes e inértes, como uma ampulheta imóvel não se mexe, não se move, não trabalha. E Clarice está trancada no banheiro e faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete, sentada no canto, seus tornozelos sangram e a dor é menor do que parece, quando ela se corta, ela se esquece que é impossível ter na vida calma e força, viver em dor, como ninguém lhe entende, tentar ser forte à todo e cada amanhecer. Uma de suas amigas já se foi gerando mais uma ocorrência policial, ninguém me entende, não me olhe assim, com esse semblante de bom samaritano, cumprindo o seu dever, como se fosse o último, como se toda essa dor, fosse diferente, ou inexistente, nada existe pra mim, não tente, você não sabe, não entende. E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito, Clarice sabe que a loucura está presente e sente a essência estranha do que é a morte, ela conhece muito bem..."

(Clarice - Legião Urbana)

terça-feira, 12 de maio de 2009

Dogma (tradução)
Marilyn Manson

Dogma
Queimem as bruxas, queimem as bruxas, não perca tempo costurando seus pontos
Queimem as bruxas, queimem as bruxas
Boa é a coisa que te favorece, ruim é o sabor da sua alma
Você não pode tranquilizar todas as coisas que você odeia
Queimem as pontes, queimem as pontes, não perca tempo costurando seus pontos
Queimem as pontes, queimem as pontes
Boa é a coisa que te favorece, ruim é o sabor da sua alma
Eu não preciso de seu ódio, eu decido meu destino
Você não pode tranquilizar todas as coisas que você odeia

sábado, 9 de maio de 2009


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
(Álvaros de Campos - Trecho do poema Tabacaria)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

"O defeito fluido, a inexpressão e a fraqueza
Com o tempo, o esquecimento plantado origina coisas esquecidas."

É nesta estrofe que passa-se uma autoreflexão do que está acontecendo.