quarta-feira, 13 de maio de 2009

"...estou cansado de ser, vilimpendiado, incompreendido e descartado, quem diz que me entende nunca quis saber, aquele menino foi internado numa clínica, dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças, dos sonhos que se configuram tristes e inértes, como uma ampulheta imóvel não se mexe, não se move, não trabalha. E Clarice está trancada no banheiro e faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete, sentada no canto, seus tornozelos sangram e a dor é menor do que parece, quando ela se corta, ela se esquece que é impossível ter na vida calma e força, viver em dor, como ninguém lhe entende, tentar ser forte à todo e cada amanhecer. Uma de suas amigas já se foi gerando mais uma ocorrência policial, ninguém me entende, não me olhe assim, com esse semblante de bom samaritano, cumprindo o seu dever, como se fosse o último, como se toda essa dor, fosse diferente, ou inexistente, nada existe pra mim, não tente, você não sabe, não entende. E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito, Clarice sabe que a loucura está presente e sente a essência estranha do que é a morte, ela conhece muito bem..."

(Clarice - Legião Urbana)

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